Este artigo explora o papel dos meios e redes de comunicação
na crise de superprodução e, especificamente, na crise econômica,
financeira e imobiliária na Irlanda.
A mídia e as redes de comunicação têm um papel duplo na
crise de superprodução, em primeiro lugar na disseminação de
informações, e em segundo lugar como aparato ideológico que pode
agir com o propósito de naturalizar relações de mercado.
Há também uma relação reflexiva e dialética entre informação
(incluindo construções ideológicas) e o comportamento dos atores que
podem agir para influenciar a formação de bolhas ou a crise em si. O
sistema de mercado não é separado dos domínios de ideias e discursos
interpretativos, nem da política, das relações do Estado e do poder.
Como vimos nesta crise, interesses de grande influência, incluindo
frações poderosas da classe capitalista, usam seu poder político para
exigir que as forças do Estado defendam seus interesses, incluindo
a intervenção direta do Estado nos mercados e na nacionalização de
dívidas privadas e de empresas privadas não lucrativas. Ao mesmo
tempo, outras classes e frações procuram usar o Estado para também
defender os seus interesses (por exemplo, para retomar suas casas).